A Sexy Mulher do Bar - Capítulo II

outubro 16, 2019


Anti-retrovirais.


Aquela mulher, a qual despertou enormes desejos carnais, depois de caído o frasco e a olho nu, deixou-me de boca semi-aberta de tal modo que as minhas articulações faciais se resumiam num espanto de medo. Ela, tentando se explicar do incidente e a desgraça de ter-me envolvido com ela sem protecção, lhe pedí para que deixasse o quarto naquele instante. E ela dizendo, com lágrimas nos olhos: “Foi um erro meu, teria te dito. Sinto muito”. Nada respondí, optei pelo silêncio com as mãos na nuca.

Ntããnnn, a porta se fechava. Várias perguntas rodopeiavam em minha consciência, mas as respostas das minhas incertezas estavam num teste de HIV. Não culpo a mulher, culpo a minha ignorância por transgredir a minha consciência fazendo com que deixe de pensar no que está certo ou errado mesmo em momentos de excitação.

A caminho de casa, lamentava pelo facto de ter entrado naquele bar e ter me dado de vista com aquela mulher que bronzeou os meus pensamentos em sexo e excitação. Pensei que seria legal flertar por um instante, mas a instância custou-me a vida que, se calhar, será pela vida inteira. Chegado a casa, fui directo ao quarto e me deitei de costas pensando no lance que acontecera naquele quarto dos condomínios. Minutos depois mamã veio ao meu encontro e perguntou “o que está a acontecer filho?” Respondi que nada estava acontecendo. Ela insistiu perguntando, acabei respondendo que eram problemas no serviço e que logo iria-se resolver. Ela se levantou e pôs-se a caminhar.

Assim que ela me deixara só: olhos meus transbordaram águas de Inkomati igual às vésperas de colheita. Naquela noite não pude dormir, apenas pensava na possibilidade de aquela mulher ter pego a bolsa da tia por engano ou emprestado de uma das amigas. Da sua beleza, não contava com as possibilidades de ela estar a viver com o vírus de HIV e aparentar ser saudável mesmo infectada. Pensei: talvez tenha se envolvido com esses velhos de muita ruca, por isso ela também se esqueceu do preservativo e se entregou sem medir as consequências de um sexo ocasional.

O sol brotou novas flores, a manhã está fresca, crianças nos quintais chorando e outras brincando. Assim eu pensei “que desperdício de vida eu fiz”. Tomei meu café, despedi a família e fui andando. Nesse dia, quinta-feira, não fui ao serviço, mas sim ao hospital para aclarar as incertezas do meu estado de saúde. Formei a longa bicha de atendimento, enquanto isso ao lado havia uma outra bicha para receber os anti retro-virais. Perguntei-me: será que eles entraram nessa pela curtição ou por acidente? Naquela fila do laboratório senti-me igual aos que se encontravam na fila dos comprimidos, pois por aventura eu cometera erros similares a eles. As aventuras são boas, mas as vezes é importante ter cautela com elas. Daí que recito estas palavras de uma música popular “mintxumu svaku yiva sva tsombela – coisas roubadas são doces”. Essa é a verdade!

Chegado a minha vez, a pulsação cardíaca subiu muito que o normal, o sangue nas veias fluía no sentido contrávio, a face e os braços suavam de medo e ansiedade de querer saber os resultados. Feitas as análises sanguíneas, os resultados deram SERO-NEGATIVO. Foi um alívio ter sabido que não fui contaminado, um brilho no meu sorriso brotou. “Deus ouviu o meu lamentar”, falei comigo mesmo. Antes que saísse do laboratório das análises, o médico disse para voltar às análises em três meses.

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