Os Vilões
Vilões
Certa altura
viví numa zona chamada Manyikeni. Zona esta que encanta e apaixona o seus
visitantes pela sua cultura, gastronomia, a dança local, a ginga das mulheres e
entre outros aspetos de louvar. Esta zona é banhada por um rio sob a qual a
população bebe dessa fonte e abastece às suas machambas, bem como para a
limpeza e higiene pessoal. É uma zona ainda em desenvolvimento no que tange às
vias de acesso, à electricidade e água.
Os costumes e os
valores morais ainda são guardados como património local. Para manter a ordem e
a tranquilidade social, existe um Régulo, servindo-se deste modo de um posto
administrativo. Todos os problemas são lá resolvidos na presença dos anciões e
o Régulo do bairro. Portanto, neste bairro existia uma família apelidada de
Manyike. Dentro da família existiam dois jovens pastores de gado de nomes Manyi
e Keni. Esses dois cresceram se dedicando à pastorícia e nalgumas vezes à
pesca. Os produtos da pescaria eram revendidos para conseguir valores de
comprar sal, petróleo e entre outras coisas de necessidade básica.
Sendo estes dois
jovens trabalhadores assalariados ao fim de cada mês e pescadores nos tempos
livres, viviam de bom e de grado. O Manyi tinha 28 anos de idade, o mais velho,
e Keni tinha 24 anos de idade. Um belo dia, o Manyi disse ao irmão o seguinte:
“Tenho um desafio a te propor”. O Keni respondeu “Qual é esse desafio mano?”
- É assim Keni,
vamos pegar todas mulheres desta zona. Quem tiver maior número de “pitas” é o
vencedor e terá vinte e cinco por cento do salário do perdedor. “Estou dentro”,
respondeu o Keni à proposta do Manyi.
Contando que a
maior parte desta zona era casada e possuía um lar feliz e próspero de muito
amor por diante. Os irmãos entraram em acção na sua expedição de vilões sem se
precaver das consequências que poderiam advir em seus percursos. Na primeira
quinzena, estiveram bem sucedidos na missão de vilões e a regra era de dormir
uma vez com a mulher e não lhe procurar mais. As suas listas eram tão longas e
extensas, mas mesmo assim a competição estava empatada. Continuaram com a aposta.
Tendo varrido e
destruído lares de quase noventa e nove por cento das mulheres do bairro, os
irmãos Manyike tinham a ambição de um dos dois ganhar para a posta ter sentido.
Junto ao rio havia uma família apelidada de N’watseke, família da estrutura máxima
do bairro. Habitavam nesta família duas mulheres dos seus vinte e vinte três
anos. Mulheres educadas e cultas, ainda sem maridos sob cuidados do pai, o
Régulo.
É de conotar que
ningém mexia com as filhas do Régulo, eram tratadas com cortesia pelo bairro
inteiro. Mas como os irmão Manyikeni, obcecados pela aposta prosseguiram e
invadiram a Honra da estrutura do bairro ao se envolverem com as suas filhas e
abandoná-las. Sucedido a isso, a notícia chegou aos ouvidos do Régulo que de
seguida ordenou uma busca desses dois jovens irmãos.
No comité, para
efeitos de julgamento e a respectiva sansação, relatou-se sobre os danos feitos
por Manyi e Keni. E para agravar a situação denegriram a imagem do Régulo ao
tomarem as suas filhas e abandoná-las. Depois de feito o julgamento desses
jovens perante o consulado dos anciões e sob presidência do Régulo, os irmãos
Manyike foram sentenciados pena de morte por enforcamento.
No dia do
enforcamento, o bairro inteiro se encontrava presente, pais dos jovens com
lágrimas que quase faziam lagoas em seus rostos, nada podiam fazer para
reverter a situação.
Antes de serem enforcados leu-se o seguinte:
“Manyi e Keni, vocês são um insulto para a
comunidade, destruíram lares e mancharam a imagem do Régulo. É desta feita que
iremos limpar os vossos maus feitios e restabelecer a identidade do nosso
bairro”.
Depois da oração
da senhora N’wamukhossi, a anciã mais velha do bairro, os irmãos Manyike foram
enforcados em uma árvore junto ao rio. Foi assim que depois de ter passado
muitos anos o bairro ganhou o nome de Manyikeni, junção dos nomes dos jovens
Manyi e Keni.
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