Os Vilões

outubro 20, 2018

Vilões

Certa altura viví numa zona chamada Manyikeni. Zona esta que encanta e apaixona o seus visitantes pela sua cultura, gastronomia, a dança local, a ginga das mulheres e entre outros aspetos de louvar. Esta zona é banhada por um rio sob a qual a população bebe dessa fonte e abastece às suas machambas, bem como para a limpeza e higiene pessoal. É uma zona ainda em desenvolvimento no que tange às vias de acesso, à electricidade e água.

Os costumes e os valores morais ainda são guardados como património local. Para manter a ordem e a tranquilidade social, existe um Régulo, servindo-se deste modo de um posto administrativo. Todos os problemas são lá resolvidos na presença dos anciões e o Régulo do bairro. Portanto, neste bairro existia uma família apelidada de Manyike. Dentro da família existiam dois jovens pastores de gado de nomes Manyi e Keni. Esses dois cresceram se dedicando à pastorícia e nalgumas vezes à pesca. Os produtos da pescaria eram revendidos para conseguir valores de comprar sal, petróleo e entre outras coisas de necessidade básica.

Sendo estes dois jovens trabalhadores assalariados ao fim de cada mês e pescadores nos tempos livres, viviam de bom e de grado. O Manyi tinha 28 anos de idade, o mais velho, e Keni tinha 24 anos de idade. Um belo dia, o Manyi disse ao irmão o seguinte: “Tenho um desafio a te propor”. O Keni respondeu “Qual é esse desafio mano?”
- É assim Keni, vamos pegar todas mulheres desta zona. Quem tiver maior número de “pitas” é o vencedor e terá vinte e cinco por cento do salário do perdedor. “Estou dentro”, respondeu o Keni à proposta do Manyi.

Contando que a maior parte desta zona era casada e possuía um lar feliz e próspero de muito amor por diante. Os irmãos entraram em acção na sua expedição de vilões sem se precaver das consequências que poderiam advir em seus percursos. Na primeira quinzena, estiveram bem sucedidos na missão de vilões e a regra era de dormir uma vez com a mulher e não lhe procurar mais. As suas listas eram tão longas e extensas, mas mesmo assim a competição estava empatada. Continuaram com a aposta.

Tendo varrido e destruído lares de quase noventa e nove por cento das mulheres do bairro, os irmãos Manyike tinham a ambição de um dos dois ganhar para a posta ter sentido. Junto ao rio havia uma família apelidada de N’watseke, família da estrutura máxima do bairro. Habitavam nesta família duas mulheres dos seus vinte e vinte três anos. Mulheres educadas e cultas, ainda sem maridos sob cuidados do pai, o Régulo.

É de conotar que ningém mexia com as filhas do Régulo, eram tratadas com cortesia pelo bairro inteiro. Mas como os irmão Manyikeni, obcecados pela aposta prosseguiram e invadiram a Honra da estrutura do bairro ao se envolverem com as suas filhas e abandoná-las. Sucedido a isso, a notícia chegou aos ouvidos do Régulo que de seguida ordenou uma busca desses dois jovens irmãos.

No comité, para efeitos de julgamento e a respectiva sansação, relatou-se sobre os danos feitos por Manyi e Keni. E para agravar a situação denegriram a imagem do Régulo ao tomarem as suas filhas e abandoná-las. Depois de feito o julgamento desses jovens perante o consulado dos anciões e sob presidência do Régulo, os irmãos Manyike foram sentenciados pena de morte por enforcamento.
No dia do enforcamento, o bairro inteiro se encontrava presente, pais dos jovens com lágrimas que quase faziam lagoas em seus rostos, nada podiam fazer para reverter a situação.

Antes de serem enforcados leu-se o seguinte:
Manyi e Keni, vocês são um insulto para a comunidade, destruíram lares e mancharam a imagem do Régulo. É desta feita que iremos limpar os vossos maus feitios e restabelecer a identidade do nosso bairro”.

Depois da oração da senhora N’wamukhossi, a anciã mais velha do bairro, os irmãos Manyike foram enforcados em uma árvore junto ao rio. Foi assim que depois de ter passado muitos anos o bairro ganhou o nome de Manyikeni, junção dos nomes dos jovens Manyi e Keni.

Sem comentários:

Com tecnologia do Blogger.