O Padrasto - Capítulo I

outubro 20, 2018
O Padrasto - Capítulo I

O Padrasto - Capítulo I

A morte do meu pai trouxe um vexame na minha vida, mesmo que inocente e longe das vicissitudes que banham este mundo dos homens. Outrora, órfã de pai aos meus onze anos de idade. Meu pai partira deste mundo deixando a sua esposa e seus três filhos. Foi impossível acreditar que não o veria mais, pois da última vez que o vira ele estava deitado em uma esteira.

Enfim, apesar da dor que a mim desatinava, tive que aprender que a vida é assim e somos sujeitos a viver do jeito como ela destina. Portanto, após a morte do velho, foram surgindo especulações por parte da minha família, acusando a minha mãe. Meus tios disseram que ela matara o marido para poder ficar com o terreno e a casa.
Uma semana após o velório do pai, a minha própria família expulsou-nos de casa para que eles pudessem vende-la. Recorremos às instâncias comunitárias para comunicar o caso, mas os meus tios já haviam subornado o chefe do bairro.

As nossas tentativas redundaram num fracasso, as condições ficaram precárias para nós. A minha mãe não quis recorrer à ajuda da sua família porque quando ela engravidou pela primeira vez, foi expulsa de casa como uma cadela por ter engravidado antes do casamento, facto este que era considerado pecado.
Fomos então começar a viver em casa da dona Regina, amiga da mãe. Ela tinha cinco filhos e era demasiado pesado ela ajudar em tudo. Portanto ela nos ofereceu um quarto para que nos pudéssemos restabelecer e pensar em novas maneiras de ganhar a vida. Acredito que na altura eu andava na sexta classe, os meus irmãos andavam na oitava e décima classes.

Para manter a nossa sobrevivência e subsistência, a mãe começou a vender amendoim torrado dia e noite nas ruas e barracas. O negócio rendeu um pouco até que ela passou a fazer “xitiki” de cinquenta meticais por dia. Quando recebeu a sua parcela, os meus irmãos pensaram em deixar a escola e começar a vender plásticos e gelos no mercado para ajudar na renda.
O que todos ganhavam era pouco, mas servia para aguentar o mínimo para a sobrevivência.

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