O Padrasto - Capítulo I
O Padrasto - Capítulo I
A morte do meu pai trouxe um vexame
na minha vida, mesmo que inocente e longe das vicissitudes que banham este
mundo dos homens. Outrora, órfã de pai aos meus onze anos de idade. Meu pai
partira deste mundo deixando a sua esposa e seus três filhos. Foi impossível
acreditar que não o veria mais, pois da última vez que o vira ele estava
deitado em uma esteira.
Enfim, apesar da dor que a mim
desatinava, tive que aprender que a vida é assim e somos sujeitos a viver do
jeito como ela destina. Portanto, após a morte do velho, foram surgindo
especulações por parte da minha família, acusando a minha mãe. Meus tios
disseram que ela matara o marido para poder ficar com o terreno e a casa.
Uma semana após o velório do pai, a
minha própria família expulsou-nos de casa para que eles pudessem vende-la. Recorremos
às instâncias comunitárias para comunicar o caso, mas os meus tios já haviam subornado
o chefe do bairro.
As nossas tentativas redundaram num
fracasso, as condições ficaram precárias para nós. A minha mãe não quis
recorrer à ajuda da sua família porque quando ela engravidou pela primeira vez,
foi expulsa de casa como uma cadela por ter engravidado antes do casamento,
facto este que era considerado pecado.
Fomos então começar a viver em casa
da dona Regina, amiga da mãe. Ela tinha cinco filhos e era demasiado pesado ela
ajudar em tudo. Portanto ela nos ofereceu um quarto para que nos pudéssemos
restabelecer e pensar em novas maneiras de ganhar a vida. Acredito que na
altura eu andava na sexta classe, os meus irmãos andavam na oitava e décima
classes.
Para manter a nossa sobrevivência e
subsistência, a mãe começou a vender amendoim torrado dia e noite nas ruas e barracas.
O negócio rendeu um pouco até que ela passou a fazer “xitiki” de cinquenta
meticais por dia. Quando recebeu a sua parcela, os meus irmãos pensaram em
deixar a escola e começar a vender plásticos e gelos no mercado para ajudar na
renda.
O que todos ganhavam era pouco, mas
servia para aguentar o mínimo para a sobrevivência.
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